Com essa história podemos trabalhar com as crianças a questão da diferença das pessoas e do respeito as diferenças afinal não somos iguais a ninguém
Marcelo Marmelo Martelo
Percebemos que esta história na Internet só tem com as ilustrações feitas no livro não permitindo assim ao professor inventar ou modificar as gravuras por esse motivo pensamos em disponibilizar a história completa dando ao professor esta oportunidade.
Percebemos que esta história na Internet só tem com as ilustrações feitas no livro não permitindo assim ao professor inventar ou modificar as gravuras por esse motivo pensamos em disponibilizar a história completa dando ao professor esta oportunidade.
MARCELO
MARMELO MARTELO
Marcelo
vivia fazendo perguntas a todo mundo:
-
Papai, por que é que a chuva?
-Mamãe,
por que é que o mar não derrama?
-
Vovó, por que é que o cachorro tem quatro pernas?
As
pessoas grandes às vezes respondiam. Às vezes, não sabiam como
responder.
-Ah,
Marcelo, sei lá...
Uma
vez, Marcelo cismou com o nome das coisas:
-
Mamãe, por que é que eu me chamo Marcelo?
-
Ora, Marcelo foi o nome que eu e seu pai escolhemos.
-
E por que é que não escolheram martelo?
-Ah,
meu filho, martelo não é nome de gente! É nome de ferramenta...
-
Por que é que não escolheram marmelo?
-
Porque marmelo é nome de fruta, menino!
-
E a fruta não podia chamar Marcelo, e eu chamar marmelo?
No
dia seguinte, lá vinha ele outra vez:
-
Papai, por que é que mesa chama mesa?
-
Ah, Marcelo, vem do latim.
-
Puxa, papai, do latim? E latim é língua de cachorro?
-
Não, Marcelo, latim é uma língua muito antiga.
- E por que é
que esse tal de latim não botou na mesa nome de cadeira, na cadeira
nome de parede, e na parede nome de bacalhau?
-Ai,
meu Deus, este menino me deixa louco!
Daí
a alguns dias, Marcelo estava jogando futebol com o pai:
-Sabe,
papai, eu acho que o tal de latim botou nome errado nas coisas. Por
exemplo, por que é que bola chama bola?
-
Não sei, Marcelo, acho que bola lembra uma coisa redonda, não
lembra?
-Lembra,
sim, mas ... e bolo?
-
Bolo também é redondo, não é?
-
Ah, essa não! Mamãe vive fazendo bolo quadrado...
O
pai de Marcelo ficou atrapalhado.
E
Marcelo continuou pensando:
“Pois
é, esta tudo errado! Bola é bola, porque é redonda. Mas bolo nem
sempre é redondo. E por que será que a bola não é a mulher do
bolo? E bule? E belo? E Bala? Eu acho que as coisas deviam ter o nome
mais apropriado. Cadeira, por exemplo. Devia chamar sentador, não
cadeira, que não quer dizer nada. E travesseiro? Devia chamar
cabeceiro, lógico! Também, agora, eu só vou falar assim”.
Logo
de manhã, Marcelo começou a falar sua nova língua:
-
Mamãe, quer me passar o mexedor?
-
Mexedor? Que é isso?
-
Mexedorzinho, de mexer café.
-
Ah, colherinha, você quer dizer.
-
Papai, me dá o suco de vaca?
-
Que é isso menino?
-
Suco de vaca, ora! Que está no suco-da-vaqueira.
-
Isso é leite, Marcelo. Quem é que entende este menino?
O
pai de Marcelo resolveu conversar com ele:
-
Marcelo, todas as coisas têm um nome. E todo mundo tem que chamar
pelo mesmo nome porque, senão, ninguém se entende...
-
Não acho, papai. Por que é que eu não posso inventar o nome das
coisas?
BIRIQUITOTE!
XEFRA!
-
Deixe de bobagens, menino! Que coisa mais feia!
-
Esta vendo como você entendeu, papai? Como é que você sabe que eu
disse um nome feio?
O
pai de Marcelo suspirou:
-
Vá brincar, filho, tenho muito que fazer...
Mas
Marcelo continuava não entendendo a história dos nomes. E resolveu
continuar a falar, à sua moda. Chegava em casa e dizia:
-
Bom solário pra todos...
O
pai e a mãe de Marcelo se olhavam e não diziam nada. E Marcelo
continuava inventando:
Sabem
o que eu vi na rua? Um puxadeiro puxando uma carregadeira. Depois, o
puxadeiro fugiu e o possuidor ficou danado.
A mãe de
Marcelo já estava ficando preocupada. Conversou com o pai:
-
Sabe, João, eu estou muito preocupada com o Marcelo, com essa mania
de inventar nomes para as coisas... Já pensou, quando começarem as
aulas? Esse menino vai dar trabalho...
-
Que nada, Laura! Isso é uma fase que passa. Coisa de criança...
Mas
estava custando a passar...
Quando
vinham visitas, era um caso sério. Marcelo só comprimentava
dizendo:
-
Bom solário, bom lunário... – que era como ele chamava o dia e a
noite.
E
os pais de Marcelo morriam de vergonha das visitas.
Até
que um dia...
O
cachorro do Marcelo, o Godofredo, tinha uma linda casinha de madeira
que
Seu João tinha feito para ele. E Marcelo só chamava a casinha de moradeira, e o cachorro de Latido.
Seu João tinha feito para ele. E Marcelo só chamava a casinha de moradeira, e o cachorro de Latido.
E
aconteceu que a casa do Godofredo pegou fogo. Alguém jogou uma ponta
de cigarro pela grade, e foi aquele desastre!
Marcelo
entrou em casa correndo.
-
Papai, papai, embrasou a moradeira do Latido!
O
quê, menino? Não estou entendendo nada!
-
A moradeira, papai, embrasou...
-
Eu não sei o que é isso, Marcelo. Fala, direito!
-
Embrasou tudo, papai, está uma branqueira danada!
Seu
João percebia a aflição do filho, mas não entendia nada...
Quando
seu João chegou a entender do que Marcelo estava falando, já era
tarde.
A
casinha estava toda queimada. Era um montão de brasas.
O
Godofredo gania baixinho...
E
Marcelo, desapontadíssimo, disse para o pai:
-
Gente grande não entende nada, mesmo!
Então
a mãe do Marcelo olhou pro pai do Marcelo.
E
o pai do Marcelo olho pra mãe do Marcelo.
E
o pai do Marcelo falou:
-
Não fique triste, meu filho. A gente faz uma moradeira nova pro
Latido.
E
a mãe do Marcelo disse:
É
sim! Toda branquinha, com a entradeira na frente e um cobridor bem
vermelhinho...
E
agora, naquela família, todo mundo se entende muito bem.
O
pai e a mãe do Marcelo não aprenderam a falar como ele, mas fazem
força pra entender o que ele fala.
E
nem estão se incomodando com o que as visitas pensam...
ROCHA,
Ruth. Marcelo, marmelo, martelo e outras histórias. Rio de
Janeiro: Salamandra consultoria Editorial S.A, 1976.
Com essa
história conseguimos trabalhar a alfabetização através de nomes
com as crianças de 4 a 6 anos, na questão da alfabetização pelo nome e/ou de 2 a 3 anos na questão da identidade da criança.
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